MILONGA BRASILIANA
Chora, país gigante, essa dor que é tanta
Cai quem te canta cá claudicante em clamor também
Tão tristes traz-nos viver-te e ver-te nessa agonia
Democracia de que travestes-te tão refém
É insano o sangue, tamanha a farsa, excludente engodo
Ao gado povo somente um lodo de sobras vis
Hipocrisia, manobras, trampas, falácias, dívidas
E vidas quantas que em vão se vão, violências mis
Verás que um filho teu não foge à luta
Mas sempre a força bruta, circo e já nem pão
Diz não
Tuas leis abrandam dos reis que as bancam os desatinos
Dos teus destinos sempre mãos sujas eis no timão
Infausto afeito na em luto ascese, injusto em júbilo
De um de direito estado és tese e negação
Espelha o teu futuro um tenebroso escuro
No peito a bala um furo, ó mãe gentil
Brasil
Chora, matriz minguante, a em fel fé que esfrias
Chora os teus dias de um sol distante nunca a brilhar
Para maravilhas, teu viço via, tendência tinhas
Mas a inclemência te sevicia e só faz chorar
Gugu Keller