segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Minhas músicas - "O Xote da Xoxota Choca"

Eu queria tentar fazer algo que tivesse um ritmo nordestino extremamente dançante. Creio que, com "O Xote da Xoxota Choca", se não o consegui, ao menos cheguei perto. Trata-se de um espécie de "nonsense" malicioso, que, pelo andamento rápido aliado ao jogo de palavras, é relativamente difícil de se cantar, aquela coisa meio "de dar um nó na língua", sabem? Eu mesmo, quando a canto, ainda dou umas tropeçadas. Mas é justamente daí que vem o seu charme. E gostei muito do resultado. Mas o mais legal é, quando eu a mostro para alguém, ouvir dizerem... "Nossa, Gugu! Mas foi você que escreveu isso???" Sim, fui! Adoro fazer sempre coisas diferentes.

O XOTE DA XOXOTA CHOCA

A xoxota choca encharcava a chuca cum xixi no chão
E um muxoxo chato cochichava o Chico cum xaxim na mão
A garota brota via o Xou da Xuxa na TV sem som
E, xuxando pique, chacoalhava chique o xote no salão

É o xote, é o xote
É o xote da xoxota choca
É o xaxado da pixoxa, xeca
Perereca treca que sacode e soca
É o xote, é o xote, é o xote
É o xote da xoxota choca
É o maxixe da xereca, xana
Siririca insana que cutuca a toca

Diz que na Paraíba, que pra lá pra riba, que no Piauí
Diz que na Bahia até raiar o dia ninguém vai dormir
E, se toca o xote da xoxota choca, diz que as mulé
Dança tudo doida pra chocar o ovo e pôr ele de pé

É o xote, é o xote
É o xote da xoxota choca
É o fuxico da pixoxa, xeca
E, se periga a prega, água de coco e coca
É o xote, é o xote, é o xote
É o xote da xoxota choca
É o futrico da xereca, xana
E em briga de sicrana, quem retruca troca

Gugu Keller

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Minhas músicas - "Suicídio Pop Blues"

Creio que jamais pensei seriamente em suicídio, mas, sim, muitas vezes, em fantasias, ao menos, ainda que de longe, considerei a hipótese. E, se querem saber, e talvez isso seja advocacia em causa própria, já que sei que muitos vêem a idéia como absurda, a verdade é que acredito que, nas devidas proporções, tal tipo de, digamos, divagação, é algo bastante sadio. Sim, isso mesmo! Sabem aquela coisa de, mesmo que jamais sequer cheguemos perto de a usar, termos, em última instância, uma saída de emergência? Isso acalma, desanuvia, encoraja, como não? Será que alguém discordará sob este aspecto? Não há, afinal, situações tão terríveis nesta vida que a imagem de uma cápsula de cianureto no bolso nos ajuda, sim, e muito, a ir adiante? Sim, comigo é assim. Sempre foi assim. Levando a coisa na medida certa, faz-me bem. Seria bem pior, imagino, ver-me numa situação tenebrosa, desesperadora, de que não houvesse nenhuma escapatória concebível, por mais insana que eventualmente fosse.

SUICÍDIO POP BLUES

Desilusão
Desespero, dilema, derrota, decepção
Depressão
Sofrimento, segredo, saudade, separação
Solidão
Já não sinto, não minto, não finjo, não sei, já não sou

Noite de frio
Outra dose, conhaque, cigarro, vertigem, vazio
Meio-fio
Outra dose, conhaque, prozac, parnate, plasil
Rivotril
Outra dose e eu não sinto, não minto, já sei, já me vou

Pular do alto do meu prédio
Deixar o tédio enfim para trás
Nunca mais
Dormir para sempre sob o chão

Dói, isso dói
Martiriza, machuca, tritura, consome, corrói
Como dói
Desbarranca, desmancha, desaba, deságua, destrói
Dor que mói
Já não sinto, perdi, labirinto, já fui, já não sou

Gugu Keller

sábado, 21 de novembro de 2009

Bicicleta

No parque pedala pacato o pequeno poeta
No parque pedala pacato o poeta em paz
O pensamento lhe passa bem perto
Passeando seus pés nos pedais
Transpassa o portão o poeta e a palavra lhe apraz

A ponta da pena o poeta passeia pensando
Passeia a ponta da pena na paz do papel
Possui o poeta a palavra
E pensa profundo e passa
Penetra o poeta e pisa no piso do céu

Passeia o poeta pensando em sua pequena
Aperta o passo o poeta pensando em paixão
Procura perdido o poeta
A porta da sua prisão
Aperta a pequena em seu peito, o poeta e seu pão

Pensou o poeta a palavra e a paz lhe pairou
Pairava a paz no poeta ao piar dos pardais
Só restou a poesia e os pedais
E a dor do poeta parou
No parque pedala pacato o poeta em paz

Gugu Keller

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Palíndromos

Adoro palíndromos! Adoro, adoro, adoro! Tenho o projeto e o sonho de um dia tentar trabalhar num... Entre nós, sem dúvida, o mais famoso é "Socorram-me! Subi no ônibus em Marrocos!"
Fantástico, eletrizante, arrepiante, é um de autoria de Chico Buarque... "Até Reagan sibarita atira bisnaga ereta!" Demais, não? Simplesmente espetacular!
Mas certa vez eu havia lido que esse acima, o do Chico, seria o maior já feito na lígua portuguesa, ao menos no Brasil... Não é verdade! Vejam só este... "Luza Rocelina, a namorada do Manuel Salas, leu na moda da romana: anil é cor azul!"
Infelizmente não sei quem é o autor dessa obra de gênio. Mais infelizmente ainda, não sou eu.
Outros palíndromos interessantes que conheço são... "Anotaram a data da maratona.", "A diva em Argel alegra-me a vida!", "A mala nada na lama!", "A torre da derrota!", "O galo ama o lago!", "O lobo ama o bolo!" e o maravilhoso "O romano acata amores a damas amadas e Roma ataca o namoro!"
Lindo, lindo, lindo! Parabéns aos seus autores! Não sei quem são mas têm em mim um fã!

Ah! Alguém aí não sabe o que é um palíndromo? Então é só ler cada uma dessas frases de trás para frente...!

Gugu Keller

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Minhas músicas - "A Nível De"

Um dia pensei... Já que "a nível de" é a expressão que mais abomino, por que não compor uma canção com esse título para satirizar o linguajar obtuso que ela tão bem simboliza?

A NÍVEL DE

Eu enquanto homem
A nível de debate
Tenho coisas mil a colocar

Ao nível das idéias
Num papo mais cabeça
Proponho opções para reciclar

Enquanto ser humano
Pensando multimídia
Te dou no coffee break um feed-back

Ao nível da pessoa
Na coisa da poesia
Brasil enquanto pátria, big mac

Eu sou mais eu
Você mais você
A nível de tudo
Nada a ver

Eu enquanto ente
Vivente em sociedade
Me vejo inserido em circo e pão

A nível do presente
A vida enquanto fato
É biofilosofia de exceção

Eu sou mais eu
Você mais você
A nível de tudo
Répondez s´il vouz plait

Nós enquanto espécie
Globalizadamente
Temos muito ainda a perceber

Beba coca-cola
Mas use camisinha
Antes um direito que um dever

Eu sou mais eu
Você mais você
A nível de mundo
Tudo a ver

Gugu Keller

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sobre o Amor

A quem se ama o amor de ninguém falta. A quem não, o de ninguém basta.

Gugu Keller

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Versinho de Verão

Adorei isso...

Versinho de Verão (Sheila Maseh)

"E como sem dores se haverão os tantos amores
que tanto entre tantas flores se verão no verão?"


Postado p/ Gugu Keller

Minhas músicas - "Lágrimas"

Das minhas músicas esta é provavelmente a que até hoje deu mais certo. É que, com ela, na voz de uma grande cantora amiga minha, ganhei, no ano de 93, um festival de música muito bacana. Mesmo assim, num arroubo que tive anos depois, fiz algumas pequenas alterações na letra, e gosto mais dela agora...

LÁGRIMAS

Estas lágrimas que correm dos meus olhos
São transgrade o gozo inglório meu vulcão
Tempestades que me escolhem nos meus olhos
Rio que arde em lava alarde, erupção
Neste pranto canto agudo eu me desnudo
Céu sisudo alheio a tudo a vir-me sal
Lassas lástimas que escorrem dos meus olhos
Foz, degelo, voz apelo, cio sem qual

Estas lágrimas desatam tão amargas
Mágoas mal amalgamadas em mim
Caos, cascata, catarata que deságua
Madrugada mar de nada, fio sem fim
O suor que lacrimeja pelos poros
E evapora-se tristeza ao sol
Largas gárgulas ladeira à beira abrolhos
Pós espólio cachoeira, queda em prol

Lágrimas que correm
Lágrimas de amor
Lavam os meus olhos, que se consomem
Lavam a minha dor

Mas outro dia eu me escorava no escuro
E encarava amaro o muro, tudo bem
Sei que é só cravar sementes, chão seguro
Que escancara-se o futuro e tudo vem
E se entrementes verso excesso eu vergo e choro
Quente o colo solo alago ao lado além
Turvos magmas que purgam os meus olhos
Pulso d'óleo a que me curvo escravo, amém

Estas lágrimas que correm dos meus olhos
Secam e, então, eu, sóbrio, digo sim
Peito aberto em euforia, sódio e cloro
Poesia que me enxerto em fé afim
Eis que o sonho faz a flor nascer do insano
Eis ufano o esplendor no meu jardim
Destas lágrimas que morrem são meus olhos
São os olhos do humano vão que eu vim

Lágrimas que correm
Lágrimas de amor
Lavam os meus olhos, que se recolhem
Lavam a minha dor
Levam a minha dor

Gugu Keller