DESABAFO
Eu quero dar tiros no escuro
Pois eu não acredito em acaso
Dar de dor gritos arte transmuro
De um preso sem prazo
Desejo de aparte e ar puro
Quero juntar e colar meus pedaços
Com fé e com esparadrapo
E afinal ver passar o passado
Sem medo eu a nado
Meus dedos aos teus atrelados
Eu quero poesia
Prazer, prosa e prozac
Eu quero pele, um par de peitos, pouso e pão
Eu quero dar murros no espelho
Pois eu não assimilo o destino
Jorrar fulo o meu sangue vermelho
Meu ulo canino
Meu pino, nariz no joelho
Quero beber toda a água da chuva
E toda a que dorme nos lagos
E ver a vida já não treva turva
Mas a erva e o trago
Na trégua em teus braços e curvas
Eu quero uma porta
Um porto, a ponte, um parto
Eu quero o preço da passagem, plus paixão
Eu quero dar giros no espaço
Pois eu não admito limites
E segurar os vampiros no laço
Entrar sem convite
Nos riscos no próximo passo
Quero estar corpo desamarrado
Desamordaçado ao léu
Eu quero ser eu ao contrário
E, desnudo intra céu
Ter-me todo e pra tudo ao teu lado
Eu quero uma prova
A pedra, o pó, a picada
Eu quero prece, um passe, pausa, pulso e pus
Prozac, pão, palavra, apraz-me cada
Poesia, os pés no nada e paz na cruz
Gugu Keller
Olá!
ResponderExcluirTem um selinho pra ti no meu blog!
Beijos!