segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Morre Fulano de Tal

Como algumas vezes já comentei aqui, a língua é tão cheia de fenômenos interessantes... Os amigos já reparam como, curiosamente, as notícias de jornal, sobretudo as manchetes, costumam falar no presente de fatos que já são passado? Sim. Dizem "morre fulano de tal" quando obviamente ele já morreu, ou "líder ganha de goleada e amplia vantagem", quando é claro que o jogo já acabou e ele já ganhou, ou "polícia invade morro e mata chefe do tráfico", quando foi na véspera que invadiu e matou, e por aí vai... Não é interessante? Imagino que isso tenha a ver com tentar dar à notícia um aspecto mais urgente, ou mais atual, ou impactante, enfim... Mas é uma coisa louca, né? Algo semelhante, observo, ocorre em falas de historiadores... "Getúlio, então, naquela fatídica noite de agosto de 54, surpreende a todos e, num gesto extremo, suicida-se com um tiro no peito...!" Ora, ele já não surpreende! E nem se suicida! Ele surpreendeu quando se suicidou! Até porque, como diz a própria fala, foi em agosto de 54! Há mais de 50 anos!!! Coisas da língua... E como, por essas e tantas outras, ela é apaixonante, não?

Gugu Keller

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