Pois é... Acaba de sair o veredicto do "caso Isabella" e, como certamente tanta gente vai escrever tanta coisa em tantos lugares a respeito, eu, que muitas vezes, sei, sou prolixo para os padrões de um blog, queria escrever pouco...
Então farei apenas uma pergunta para que os amigos reflitam...
O que é mais triste? A morte da criança como se deu? A maneira como o casal, num momento de óbvio desequilíbrio, cometeu uma insanidade e estragou a sua vida, condenando-se a um sofrimento longo e atroz? Ou será que o mais triste mesmo é ver aquele povo diante daquele fórum gritando, xingando, cantando, ameaçando com palavras de ordem, colando cartazes, e, depois da confirmação da condenação, pulando, festejando, soltando rojões, como que numa conquista de campeonato? Gente vinda de lugares a milhares de quilômetros apenas para ficar ali, como se tivessem alguma coisa a ver com toda essa tragédia, como se fosse esse crime, esse tipo de crime, afinal o responsável pela nossa tragédia coletiva?!? Como se a grande desgraça do nosso país afinal não fosse a nossa escancarada podridão institucional e todo o flagrante engodo plutocrático que dela continuamente se alimenta e agiganta, mas sim crimes passionais isolados praticados por pessoas menos resistentes a situações de stress!?! O juiz lendo a sentença e aquela gente ali, acompanhando num telão, como que num jogo de copa do mundo, comemorando aquilo como se agora estivesse de alma lavada... Não duvido que fossem capazes de queimar numa fogueira os dois infelizes se pudessem... E também não duvido que entrementes comessem pipoca...! Muito mais divertido, né? A uma semana da páscoa, desta vez não se malhou apenas um boneco de Judas, mas dois deles! E vivos! É, alma lavada! E depois de amanhã ainda tem Corínthians X São Paulo! Só falta o Ronaldo Fenômeno fazer gols!!! Será que sobraram rojões...?
Fica então a minha modesta pergunta...
O que é mais triste, meus amigos, o que é mais deprimente, mais preocupante, mais inquietante, mais chocante e mais perturbardor? A morte prematura e violenta, a nefasta conseqüência de um momento de descontrole na vida de pessoas que em sua habitualidade nunca foram criminosas, ou todo esse show de ignorânica, de alienação, de hipocrisia e de histeria coletiva, essa total falta de discernimento, essa completa inaptidão para se compreender minimamente a realidade à volta, todo esse espírito tão claramente vingativo e tão mal disfarçado sob o eufemismo da palavra "justiça", a tão maltratada palavra "justiça", todo esse ódio mal direcionado, todo esse circo em torno da dor alheia, esse deprimente espetáculo neo-medieval de expiação em praça pública?
Já falei aqui sobre um dos meus livros favoritos, "1984", de George Orwell... Este episódio fez-me lembrar os fantásticos "dois minutos de ódio contra Goldstein"...! Sim, é claramente a mesmíssima situação! Quem já leu sabe do que estou falando... A quem ainda não, recomendo a leitura!
Finalmente, para quem queria escrever pouco já escrevi demais, situações como a desse júri fazem-me pensar também na para mim tão incompreendida canção que Humberto Gessinger tanto já cantou, "O Papa é Pop"... É como ele diz, "o pop não poupa ninguém"!
Gugu Keller
Então farei apenas uma pergunta para que os amigos reflitam...
O que é mais triste? A morte da criança como se deu? A maneira como o casal, num momento de óbvio desequilíbrio, cometeu uma insanidade e estragou a sua vida, condenando-se a um sofrimento longo e atroz? Ou será que o mais triste mesmo é ver aquele povo diante daquele fórum gritando, xingando, cantando, ameaçando com palavras de ordem, colando cartazes, e, depois da confirmação da condenação, pulando, festejando, soltando rojões, como que numa conquista de campeonato? Gente vinda de lugares a milhares de quilômetros apenas para ficar ali, como se tivessem alguma coisa a ver com toda essa tragédia, como se fosse esse crime, esse tipo de crime, afinal o responsável pela nossa tragédia coletiva?!? Como se a grande desgraça do nosso país afinal não fosse a nossa escancarada podridão institucional e todo o flagrante engodo plutocrático que dela continuamente se alimenta e agiganta, mas sim crimes passionais isolados praticados por pessoas menos resistentes a situações de stress!?! O juiz lendo a sentença e aquela gente ali, acompanhando num telão, como que num jogo de copa do mundo, comemorando aquilo como se agora estivesse de alma lavada... Não duvido que fossem capazes de queimar numa fogueira os dois infelizes se pudessem... E também não duvido que entrementes comessem pipoca...! Muito mais divertido, né? A uma semana da páscoa, desta vez não se malhou apenas um boneco de Judas, mas dois deles! E vivos! É, alma lavada! E depois de amanhã ainda tem Corínthians X São Paulo! Só falta o Ronaldo Fenômeno fazer gols!!! Será que sobraram rojões...?
Fica então a minha modesta pergunta...
O que é mais triste, meus amigos, o que é mais deprimente, mais preocupante, mais inquietante, mais chocante e mais perturbardor? A morte prematura e violenta, a nefasta conseqüência de um momento de descontrole na vida de pessoas que em sua habitualidade nunca foram criminosas, ou todo esse show de ignorânica, de alienação, de hipocrisia e de histeria coletiva, essa total falta de discernimento, essa completa inaptidão para se compreender minimamente a realidade à volta, todo esse espírito tão claramente vingativo e tão mal disfarçado sob o eufemismo da palavra "justiça", a tão maltratada palavra "justiça", todo esse ódio mal direcionado, todo esse circo em torno da dor alheia, esse deprimente espetáculo neo-medieval de expiação em praça pública?
Já falei aqui sobre um dos meus livros favoritos, "1984", de George Orwell... Este episódio fez-me lembrar os fantásticos "dois minutos de ódio contra Goldstein"...! Sim, é claramente a mesmíssima situação! Quem já leu sabe do que estou falando... A quem ainda não, recomendo a leitura!
Finalmente, para quem queria escrever pouco já escrevi demais, situações como a desse júri fazem-me pensar também na para mim tão incompreendida canção que Humberto Gessinger tanto já cantou, "O Papa é Pop"... É como ele diz, "o pop não poupa ninguém"!
Gugu Keller
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